O manifesto aconteceu!
Sim, com ou sem arte, dependendo das opiniões! Afinal, arte é a expressão de cada um, certo? Nesse sentido sim, foi arte! Foi expressão!
E aconteceu! Bem, mal, assim-assim...
Conseguimos, no entanto, colocar em palco uma visão directa, o mais realista que nos foi possível, da vida na "Associação" onde todos nos sentamos, uns mais, outros menos, para conviver, partilhar, absorver ou exteriorizar.
Porque é que algumas pessoas raramente vão ao teatro? E não refiro quem se enquadra nos parâmetros sociais de aceitação, que têm possibilidades económicas, ou uma base ideológica que privilegia a cultura.
Porque é que o apoio, quando aparece (depois de já termos gritado e subido paredes) vem em doses miseráveis de obrigatoriedade social?
Porque nos julgam quando não conhecem para além da aparência?
A roupa suja, rasgada, usada, com nódoas, tintas e afins não reflecte uma posição social de parasitismo, pode ser exactamente o contrário. O cabelo despenteado, os olhos com ramelas, os piercings, as tatuagens...
Julgado por não corresponder aos padrões impostos?
Sabem o que falta?
Uma mão que se estica, sem pedir nada em troca, para além de um sentimento mútuo de realização pessoal...
Uma palavra que se ouve sem ser em murmúrios, mas com convicção!
Uma ajuda para construir o degrau que nem sempre nos sentimos capazes ou motivados para sequer sonhar com ele, porque nos tentam cortar a raiz da imaginação impondo conceitos de aprendizagem que restringem o dom inato!
A expressão em cima do palco é o mesmo tipo de expressão que vemos nos stencils nas paredes, ou nos poemas escritos no chão, ou nos graffitis espalhados pelos becos da cidade. Revolta!! Mudança!! Sensibilização!!
Só que esta expressão não é julgada da mesma forma. Existe um teor artístico associado ao palco e ao teatro, maior credibilidade, maior aceitação, maior abertura para compreender o que se gera na caixa negra. Subimos ao palco, todos juntos, porque nos apoiamos uns aos outros, e não nos deixamos sozinhos a enfrentar os desafios da vida!
Pois que vivemos em sociedade, certo? Então vamos estender, cada um, um pouco da mão que tem livre e disponível para ajudar quem quer ser ajudado...
Para fazer crescer e não mingar!
Queremos ser ouvidos, contar a nossa história e não esperar "penas", mas sim liberdade para estender as asas e poder voar sem limites!